Partindo de uma definição simplista: justiça é aquilo que é correto.
Ora, mas o que é correto?
As pré-definições filosóficas de moral e ética apontam dois caminhos distintos: um baseado nos costumes, e o outro na melhor forma de viver na sociedade.
A justiça moral é baseada nos costumes, variando de acordo com cada cultura, definida - em sua maioria - pelas leis.
A definição que parte do campo ético, porém, é muito mais abrangente. Dela nasce o agente cosciente, aquele que faz o bem "por natureza", que age baseado na visão daquilo que é melhor para a sociedade.
A ética procura analisar o que era "justo" em determinada cultura, comparando-a com outra, e vendo, então, o que é melhor para o convívio social do homem. Isso me faz crer na relativização da justiça. Não é exatamente o fato de não saber o que é justiça, mas, sim, de formular conceitos que sobreponham àqueles já ultrapassados.
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Pode ser que não haja punição cabível àqueles que fizeram uma família perder seu filho. Isso não significa, porém, que não haja justiça. A justiça baseada na moral é normativa: nos diz o que é certo e o que é errado, e nos dá direito de punir o culpado. Já a ética, contudo, apenas nos impede de fazer o errado. Se somos justos, pensamos no correto ANTES de agir. Nota-se uma limitação na justiça, portanto.
Ainda assim, o fato de algo ser limitado não significa que não exista. Se formos para o campo divino, poderemos acabar com essa limitação.
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Exemplificando:
Justiça moral x ética² x divina
1989, Suzuka, Japão.
Senna vence a corrida e leva a decisão do título para a última corrida. Não contra a vontade dos cartolas da F1. A organização decidiu, após o término da corrida, desclassificá-lo por ter atalhado o chincane depois do acidente com Prost.
Moralmente, a justiça havia sido feita. Estava dentro do regulamento e este foi aplicado.
Um ano depois, porém, é decidido que não atalhar o chincane poderia causar acidentes bem piores. Com isso, o título do ano anterior "conquistado" por Prost torna-se questionável, e Senna acaba sendo injustiçado (eticamente).
Eis que, mesmo com tudo isso, Senna torna-se um dos melhores (ou o melhor) piloto da história. Aprendeu que o fato de existirem injustiças não torna inválida a luta pela justiça.
Os anos passaram e tudo mudou. A equipe de Senna não acompanhara a tecnologia, e, talvez, nem mesmo ele. Inúmeros abandonos por problemas no carro. O melhor piloto do mundo não mais conseguia completar uma corrida.
Em 94, as forças divinas o tiraram desse sofrimento. O melhor piloto da história não poderia acabar em esquecimento. Aquela imagem de humildade e justiça não podia ser maltratada daquele jeito. Então, como para ser eternizado, "alguém" o levou.
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Desde então, não houve mais mortes na F1.
Ora, mas o que é correto?
As pré-definições filosóficas de moral e ética apontam dois caminhos distintos: um baseado nos costumes, e o outro na melhor forma de viver na sociedade.
A justiça moral é baseada nos costumes, variando de acordo com cada cultura, definida - em sua maioria - pelas leis.
A definição que parte do campo ético, porém, é muito mais abrangente. Dela nasce o agente cosciente, aquele que faz o bem "por natureza", que age baseado na visão daquilo que é melhor para a sociedade.
A ética procura analisar o que era "justo" em determinada cultura, comparando-a com outra, e vendo, então, o que é melhor para o convívio social do homem. Isso me faz crer na relativização da justiça. Não é exatamente o fato de não saber o que é justiça, mas, sim, de formular conceitos que sobreponham àqueles já ultrapassados.
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Pode ser que não haja punição cabível àqueles que fizeram uma família perder seu filho. Isso não significa, porém, que não haja justiça. A justiça baseada na moral é normativa: nos diz o que é certo e o que é errado, e nos dá direito de punir o culpado. Já a ética, contudo, apenas nos impede de fazer o errado. Se somos justos, pensamos no correto ANTES de agir. Nota-se uma limitação na justiça, portanto.
Ainda assim, o fato de algo ser limitado não significa que não exista. Se formos para o campo divino, poderemos acabar com essa limitação.
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Exemplificando:
Justiça moral x ética² x divina
1989, Suzuka, Japão.
Senna vence a corrida e leva a decisão do título para a última corrida. Não contra a vontade dos cartolas da F1. A organização decidiu, após o término da corrida, desclassificá-lo por ter atalhado o chincane depois do acidente com Prost.
Moralmente, a justiça havia sido feita. Estava dentro do regulamento e este foi aplicado.
Um ano depois, porém, é decidido que não atalhar o chincane poderia causar acidentes bem piores. Com isso, o título do ano anterior "conquistado" por Prost torna-se questionável, e Senna acaba sendo injustiçado (eticamente).
Eis que, mesmo com tudo isso, Senna torna-se um dos melhores (ou o melhor) piloto da história. Aprendeu que o fato de existirem injustiças não torna inválida a luta pela justiça.
Os anos passaram e tudo mudou. A equipe de Senna não acompanhara a tecnologia, e, talvez, nem mesmo ele. Inúmeros abandonos por problemas no carro. O melhor piloto do mundo não mais conseguia completar uma corrida.
Em 94, as forças divinas o tiraram desse sofrimento. O melhor piloto da história não poderia acabar em esquecimento. Aquela imagem de humildade e justiça não podia ser maltratada daquele jeito. Então, como para ser eternizado, "alguém" o levou.
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Desde então, não houve mais mortes na F1.
Dentro do sistema de normas do regulamento de 1989, era considerado perfeitamente justo que Senna fosse desclassificado. O problema era que o regulamento se baseava em um pilar falso, em um princípio equivocado, tal qual as verificações posteriores constataram. Penso que isso serve, de certa forma, como um alerta para analisarmos os pilares de nossa moralidade.
ResponderExcluirDe qualquer forma, o título de Prost se deu em um sistema de normas equivocado, pois uma dessas normas foi mal construída.
Ainda assim, podemos cometer alguns erros de raciocínio. Não sei como o acidente de Prost se deu e em qual contexto. Se o acidente não foi culpa de Prost e, assumindo que invariavelmente ele ganharia a corrida, então não há, segundo o raciocínio ético que tu expõe no texto, injustiça alguma. Como não tenho maiores informações sobre o caso, faço só essa observação. E o fato de Prost ganhar um título não o torna melhor piloto que Senna. Nem sempre os melhores vencem, ainda mais se algumas cartolas estão envolvidas.
Todavia, recorrer a um sistema de "compensamento divino" me parece um equívoco colossal. Tanto que inúmeros homens justos são tratados com injustiça diariamente, sem grandes compensações, ao passo que os injustos recebem, não raramente, fatias maiores do bolo da fortuna. Para derrubar essa hipótese, poderíamos listar exemplos ad infinitum.
O fato é que Senna destacou-se não somente por sua habilidade nas pistas como piloto e fora delas por sua humildade, mas também por sua morte trágica.
E isto tudo não invoca, necessariamente, uma compensação divina.
A justiça é limitada. Se serve de nota poética, cabe aos intelectuais expandir suas fronteiras. Mesmo que um assassino receba punição por seu crime, a própria punição jamais será perfeitamente justa: não devolve vida ao cadáver do assassinado.
Bom, já fiz minha viagem. Não tenho tempo para estudar Ética no momento (o que muda no próximo semestre, felizmente) e sou um tremendo ignorante no assunto.
Apesar disso, fica minha contribuição ao blog.
Um abraço!