sábado, 28 de abril de 2012

Outono vago

Convém iniciar uma postagem depois de um logo tempo de esquecimento desses devaneios notavelmente pessimistas lembrando que, desde essa nova fase da minha vida, pouco postei aqui (nada, na verdade). A ideia do blog sempre foi valorizar a subjetividade que me atordoa em certos momentos, então não vou me ater aos detalhes objetivos que me cercam. 

Eis que, acostumada a escrever para compreender a imprecisão dos sentimentos mais vagos e, de certa forma, tristes do meu interior, passo a "travar" quando os momentos de felicidade são imensamente superiores... Há pouco refletia sobre por que razões isso acontece, e encontrei uma singela explicação: valorizo os momentos simples como sinais de felicidade, logo, o objetivo de textualizar a situação complexa inexiste nesses momentos, afinal, preocupo-me mais em simplesmente senti-los do que compreendê-los. 

Mesmo assim, seria uma hipocrisia sem tamanho dizer que tenho vivido longe das situações um tanto quanto incomodáveis. Lá no mais profundo abismo algo tem mandado sinais para que eu despeje qualquer tipo de inquietação, ao menos para que demonstre que existe uma preocupação em resolver aquelas pequenas angústias da vida, quase como que para explicitar que não, nada pode ser perfeito. Só que essa balança natural que costuma proporcionalizar aquilo que é bom diante do que é ruim tem me parecido ter alcançado um equilíbrio desejado.

É como se houvesse um desejo incessante em estagnar os sentimentos para que o equilíbrio não seja atrapalhado. Impossível, diz minha racionalidade. Sentimentos variam o tempo todo, chegam ao seus extremos diariamente e modificam-se sem dar sinais prévios. Um vento capaz de derrubar uma mísera folha para que os pesos desequilibrem a balança. Casualmente, estamos no Outono - caso não tenha ficado claro, as folhas caem deliberadamente nessa estação. Pois bem, lá no mais profundo abismo uma voz paradoxalmente silenciosa parece dizer: vou soprar, vou soprar aquela folha. Aquela folha vai ser soprada e vai cair, em um momento impossível de prever, mas será que afetará a balança?

Que voz é essa que avisa? Que folha é essa que atordoa?

E o mais inquietante: para onde o vento vai levar essa folha?

Talvez seja prudente fazer amizade com o vento...