quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O que é justiça?

Partindo de uma definição simplista: justiça é aquilo que é correto.

Ora, mas o que é correto?

As pré-definições filosóficas de moral e ética apontam dois caminhos distintos: um baseado nos costumes, e o outro na melhor forma de viver na sociedade.

A justiça moral é baseada nos costumes, variando de acordo com cada cultura, definida - em sua maioria - pelas leis.

A definição que parte do campo ético, porém, é muito mais abrangente. Dela nasce o agente cosciente, aquele que faz o bem "por natureza", que age baseado na visão daquilo que é melhor para a sociedade.

A ética procura analisar o que era "justo" em determinada cultura, comparando-a com outra, e vendo, então, o que é melhor para o convívio social do homem. Isso me faz crer na relativização da justiça. Não é exatamente o fato de não saber o que é justiça, mas, sim, de formular conceitos que sobreponham àqueles já ultrapassados.
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Pode ser que não haja punição cabível àqueles que fizeram uma família perder seu filho. Isso não significa, porém, que não haja justiça. A justiça baseada na moral é normativa: nos diz o que é certo e o que é errado, e nos dá direito de punir o culpado. Já a ética, contudo, apenas nos impede de fazer o errado. Se somos justos, pensamos no correto ANTES de agir. Nota-se uma limitação na justiça, portanto.

Ainda assim, o fato de algo ser limitado não significa que não exista. Se formos para o campo divino, poderemos acabar com essa limitação.
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Exemplificando:

Justiça moral x ética² x divina

1989, Suzuka, Japão.

Senna vence a corrida e leva a decisão do título para a última corrida. Não contra a vontade dos cartolas da F1. A organização decidiu, após o término da corrida, desclassificá-lo por ter atalhado o chincane depois do acidente com Prost.

Moralmente, a justiça havia sido feita. Estava dentro do regulamento e este foi aplicado.

Um ano depois, porém, é decidido que não atalhar o chincane poderia causar acidentes bem piores. Com isso, o título do ano anterior "conquistado" por Prost torna-se questionável, e Senna acaba sendo injustiçado (eticamente).

Eis que, mesmo com tudo isso, Senna torna-se um dos melhores (ou o melhor) piloto da história. Aprendeu que o fato de existirem injustiças não torna inválida a luta pela justiça.

Os anos passaram e tudo mudou. A equipe de Senna não acompanhara a tecnologia, e, talvez, nem mesmo ele. Inúmeros abandonos por problemas no carro. O melhor piloto do mundo não mais conseguia completar uma corrida.

Em 94, as forças divinas o tiraram desse sofrimento. O melhor piloto da história não poderia acabar em esquecimento. Aquela imagem de humildade e justiça não podia ser maltratada daquele jeito. Então, como para ser eternizado, "alguém" o levou.
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Desde então, não houve mais mortes na F1.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Protesto contra o ENEM e o jogo político

Será promovida uma manifestação em protesto ao ENEM nessa sexta, no parque Farroupilha. É [b]muito[/b] importante que os estudantes que irão participar do "evento" saibam o que será de fato esse protesto.

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Algumas reflexões devem ser feitas. Ora, quem são os organizadores do protesto? É "meio" evidente que não é o povão. "Ah, mas é o povão que gosta dessas arruaças". Balela. Quem está preocupado é o pessoal da classe média pra cima. Gente como eu, porém, com um pensamento bem menor (individualista). Gente que não pensa que a oportunidade que eles têm de se preparar para um vestibular em específico não é a mesma que todos recebem.

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O sistema de ensino no Brasil nunca foi para todos. Os vestibulares existem para tirar gente da faculdade. Como lembrou meu professor de matemática, Marcos Milan: o vestibular da UFRGS até 97 tinha ponto de corte mais alto do que a média geral (ponto = 9 e média = 8). Que vestibular era esse? Vão me dizer que não houve um progresso devidamente considerável daquele ano pra cá?!

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Eu estudo no Colégio Militar de Porto Alegre. Um primor de organização, pensam todos. E, de fato, o é. Lá é feito concurso de admissão todos os anos, para bem menos gente, e com um número de profissionais trabalhando para fazer a prova bem considerável. Nem por isso deixam de acontecer erros nas provas, tanto na formulação da questão quanto na impressão da prova. Até em grandes universidades esses erros ocorrem, e o tempo inteiro.

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Sim, o ENEM está dando os primeiros passos, e é natural que haja erros. Sim, é revoltante que eles tenham um ano pra preparar a prova e ainda cometam erros bobos. O problema é que eles não têm a parte técnica pra revisar que qualquer outra instituição tem. E se tivessem, ia acontecer que nem acontece em muito vestibular AINDA. O professor de cursinho entra na sala e diz: "vai cair isso e isso". O que é que cai na prova? Isso e isso. Triste, mas acontece, e MUITO.

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Uma gráfica para imprimir 4milhões de provas. TEM de haver um jeito viável e mais seguro de realizar essa avaliação, mas esses erros NÃO SÃO motivos para lutar CONTRA TODO o projeto. "Ah, mas eu vou na manifestação protestar contra os erros, não contra o sistema que está sendo promovido". Ingenuidade de quem pensa assim. A matéria que sairá na ZH será: "estudantes promovem manifestação CONTRA o ENEM".

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Querem lutar contra os erros? Vamos pra justiça. É a melhor coisa pro MEC que o ENEM seja cancelado. O judiciário proibiu, dirão eles. Tem é que encher o judiciário de processo pedindo uma nova prova para todos, se o estudante sentiu-se prejudicado. Qualquer outro tipo de manifestação é jogo político, e dos brabos. Jogo político pra manipular a mente da maioria em prol de uma minoria que está perdendo seus benefícios.

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Querem ir na manifestação? Vão. Todos têm o direito de se posicionar. Agora, porém, saibam que estão lutando para gente que não quer perder suas comodidades. E o aviso, para nós, do CMPA, foi dado. Talvez até vejamos uma minoria infeliz da nossa turma por lá, mas com certeza não será a maioria. Vamos nos CONSCIENTIZAR. Lutemos pelo coletivo, uma vez na vida que seja.