quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ligações

Foi-se o tempo em que minhas angústias passavam com uma ligação. Eu sabia que haveria alguém para atendê-las, eu sabia que não precisaria dizer nada para que palavras me confortassem. Hoje, cada ligação traz apenas mais angústia.

- Tudo bem, até mais. Mande um beijo para...

Ninguém. Não tem ninguém mais esperando meu beijo. Não tem ninguém mais esperando o telefone tocar. Não tem ninguém mais para me fazer curar o pior dos humores apenas para não fazê-la notar minha voz de que algo estava errado.

Não tem ninguém que me faça ter coragem de pegar um ônibus e voltar. Voltar significaria ter de estar lá para eu mesma atender ao telefone... E esse certamente seria o maior sentimento de vazio que eu poderia sentir.

Maior até mesmo do que cada ligação que eu faço.

Se "o coração não sente o que os olhos não vêem" eu não sei. Que o coração sente, contudo, o que os ouvidos não mais ouvem é a mais pura das verdades.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Trinta dias de saudade

Como um cume sem alicerce

Os fortes de espírito despertam em varonilidade

Incertos, mas ainda fortes, na busca da felicidade


Assim, sorrimos para o sol, que insiste em brilhar

E tomamos por lição: não importa o quão destruidora seja a tempestade

Sempre haverá, ao amanhecer, um grande motivo para levantar


Pois o que nos resta é cantar ao fim de tarde

Fazendo da saudade

Força de vontade na luta pelos nossos sonhos.




sábado, 10 de setembro de 2011

Soneto da Saudade (para uma vó-mãe)

Vou criar, vou criar
uns passarinhos pra ela vir me visitar


As rosas desabrocharam
bem no dia da saudade
celebrando a alma bondosa
que atingiu a eternidade

Uníssonos, os cães uivaram
mostrando fidelidade
despedindo-se d'alma bondosa
ah! a verdadeira amizade

E os olhares que outrora julgaram
não ousam despertar
Respeitosos diante de quem viveu para ensinar

E aqueles que outrora amaram
não param de chorar
Saudosos diante de quem viveu para ensinar

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Para acabar com a sede no mundo

Façamos todos viverem a realidade mundana
a triste e desesperadora miséria humana
Façamos as crianças enxergarem a verdade:
não existe a maldita eternidade

Desmitifiquemos a convenção social
chorar não é, ora, ato banal
É, na verdade, o conformismo
A cruel e amarga vitória do niilismo

Mostremos em praça pública os fatos
homens notarão que não passam de ratos
Deixemos falar nossos corações
e, então, distribuamos nossas lágrimas em galões